A Pipoca falou em depressão, falou na importância de pedir ajuda. Eu, dou a mão à palmatória, como psicóloga e, sobretudo, como pessoa singular que, muitas vezes pondera pedir essa ajuda.
Sei que não estou com uma depressão. No entanto sei que sou uma pessoa fatalista, pessimista, que com muita facilidade descamba para o lado do desespero. Porquê? Não sei... Objectiva e racionalmente, não tenho razões para isso. Tenho um namoro fantástico, tive trabalho mal terminei o mestrado (na área da investigação, que sempre foi uma das áreas prediletas), tenho o tudo o que necessito... A verdade é que há dias que, sem mais nem menos, abate-se sobre mim uma tristeza sem tamanho. A motivação foge, a capacidade de apelar ao lado mais racional não consegue impor-se, o desespero sem fundamento instala-se. Não há palavras (do J., que é quem me atura mais nestes dias) que me preencham, que me dêem ânimo, que me façam sair dessa apatia geral.
Depois, do nada, vai voltando uma energia aos poucos... Trazida por uma voz interior que me faz crer no amanhã, que me faz ver que os esforços não são em vão. E de um momento para o outro sinto-me quase frenética, cheia de força...
Neste momentos raça-me no pensamento equacionar um quadro mais bipolar do que exclusivamente depressivo...
Enfim... Isto tudo para dizer que, talvez a profissão me ajude a interpretar certos sentimentos, a racionalizar certas emoções, a ultrapassar certos dias... Mas há dias maus.
Hoje foi um dia bom, o trabalho correu bem, acima das expectativas... Isto, depois de um serão muito depressivo e angustiante, onde parecia não haver caminho (para a frente).
Por vezes pergunto-me, não será normal uma pessoa sentir-se perdida quando uma das áreas em que mais investe não corre como sempre sonhámos? Parece-me razoável. Não me parece normal ultrapassar essa mesma linha, a do razoável. Talvez eu leve a vida demasiado a peito, com expectativas altas... Contudo, não me faria sentido se de outra jeito fosse. Por vezes, esta forma de ser tem um preço muito elevado...
Cafezinha
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