A minha irmã pediu em tempos há minha mãe que lhe escrevesse um livro, sobre ela. Nunca aconteceu.
Pensei que, por tudo o que se tem passado na vida dele nos últimos tempos, pela desesperança num futuro risonho, pelo desespero em dar um rumo à vida dela aos 23 anos, poderia ser eu a fazê-lo.
Será um acréscimo ao presente de Natal. Será um miminho. Será (mais) uma tentativa de lhe tocar o coração e de lhe fazer ver o quão genial ela é. Porque, indubitavelmente, ela é.
Tentarei que percorra episódios nossos de quando éramos pequeninas. Situações daquelas que guardo para mim num cantinho especial. Talvez ela nem se lembre de algumas. Tentarei mostrar-lhe, na minha humildade (e de quem só tem mais 3 anos que ela) que acreditar na vida vale a pena. Tentarei meter naquela cabeça maluca que "quando vem de dentro, ser o melhor é apenas uma questão de tempo".
Deixo um episódio:
"Lembro-me de estarmos no hall de entrada da nossa casa
antiga, a brincar com o quadro de giz preto. Eu na primeira classe, queria à
viva força brincar às escolas e, tentava a todo o custo ensinar-te a desenhar
as letras “a”, “e”, “i”, “o” e “u”. Tu, coitadinha, pequenina, com pouco mais
de dois anos, pegavas no giz e, com dificuldade, tentavas dar o teu melhor e
agradar-me. Eu, com o meu feito, marcado desde sempre, gritava contigo e
zangava-me “É assim! Não vês que é fácil!” (e exemplificava, como se tu me
fosses perceber). Chamava-te nomes e
ficava furiosa por não fazeres tudo direitinho. Oh… tu querias era brincar."
Cafezinha